arrumo os dedos sujos pela febre
nos lençóis quentes da noite de ontem
respiro a medo
com medo que a realidade
me apanhe na sua armadilha.
quero delirar aos quarenta graus
e arder em paixão durante quarenta noites.
ignoro o paracetamol que me traz para baixo,
fecho os olhos e acendo o isqueiro.
pego fogo ao monstro
e vejo-o desfazer-se lentamente em cinzas.
amanhã quando o despertador tocar
pego-lhe fogo também.
o termómetro sobe aos quarenta e um.
tremo.
tremo de febre e de medo que a febre acabe
e eu tenha de voltar a ser
eu.
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